Colecção Literatura Angolana
Floresce no solo angolano, com a pujança e a teimosia da vegetação que se renova na anhara consumida pela queimada, encontrando nas próprias cinzas o elemento vitalizador da seiva que lhe corre nas veias, uma literatura que, procurando ser especificamente angolana, caminha a passos largos para a conquista duma posição no conjunto da literatura universal ( Carlos Ervedosa – A Literatura Angolana).
Esta colecção de Literatura Angolana da voz aos autores angolanos que encontram nas dificuldades o motivo para seguirem o seu caminho e a divulgação de Angola.
Autores publicados:
Antero Abreu | António Jacinto | Castro Soromenho | Cristóvão Neto | David Mestre | Fragata de Morais | João Maimona | João Tala | Jofre Rocha | José Luís Mendonça | Luandino Vieira | Óscar Ribas | Ricardo Manuel | Roberto de Carvalho | Roderick Nehone
Colecção Literatura Angolana
Roberto de Carvalho começou a escrever muito cedo em «boletins informativos» da juventude no Keswa e em Luanda e, mais tarde, no jornal evangélico O Estandarte.
Posteriormente, viria a colaborar nos jornais ABC, Tribuna dos Musseques e O Angolense.
Após a proclamação da independência nacional, é colaborador do Jornal de Angola, onde tem publicado algumas das crónicas que produziu e resumem o presente livro.
Publicou Com a força do tempo – crónicas (Luanda, Instituto Nacional do Livro e do Disco – INALD, 1987, 94p.), uma colectânea das suas crónicas publicadas nos jornais ABC, Tribuna dos Musseques e O Angolense, de 1963 a 1973.
Escritor, cronista sobretudo, é o sócio n.° 52 da União dos Escritores Angolanos (U.E.A.), tendo aí exercido as funções de Secretário Administrativo, na Comissão Directiva eleita em 1490-1991.
Em 1975 regressou a Angola onde ficou até 1992. Foi director da Televisão Popular de Angola, de 1975 a 1978, director do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA, até 1979 e director do Instituto Angolano de Cinema, de 1979 a 1984.
Participou na fundação da União dos Escritores Angolanos, de que foi Secretário-Geral (1975-1980 e 1985-1992). Foi também Secretário-Geral Adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos (1979-1984). Com o fiasco das primeiras eleições livres (em 1992) e o reinício da guerra civil, acabou radicado no Minho. Vive em isolamento na propriedade de um amigo, e passou a dedicar-se à agricultura.
Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, o maior galardão literário para a língua portuguesa. Contudo, recusou o Prémio alegando «motivos íntimos e pessoais», segundo um comunicado de imprensa. Entrevistas posteriores, sobretudo ao Jornal de Letras, Artes & Ideias, esclareciam que o autor não aceitara o Prémio por se considerar um escritor morto e, como tal, o Prémio deveria ser entregue a alguém que continuasse a produzir. Ainda assim publicou dois livros em 2006.
Fez os estudos primários e secundários no Golungo Alto e em Luanda, onde, no Liceu Salvador Correia, concluiu o Curso Complementar de Ciências. Trabalhou alguns anos em Angola como escriturário e técnico de contabilidade. Em regime de residência vigiada em Lisboa, trabalhou numa empresa transitária. Em Luanda, participou em actividades literárias na Sociedade Cultural de Angola, no Cine-Clube de Angola, no Movimento dos Novos Intelectuais de Angola e na criação da Revista Mensagem. Colaborou em diversos jornais e revistas: Mensagem (CEI), Cultura (II), Boletim Cultural do Huambo, Jornal de Angola, Itinerário, Brado Africano, Império, Notícias do Bloqueio, entre outros.
Militante político activo, foi um dos fundadores do Partido Comunista Angolano, que funcionou na clandestinidade, e o redactor dos estatutos do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA). Foi preso pela primeira vez em 1959, por ocasião do ‘Processo dos 50’. Detido de novo em 1961, é condenado a 2 anos e depois a 14 anos de cadeia, sendo deportado para o Tarrafal, em Cabo Verde. Em resultado de uma campanha internacional, em 1972 é-lhe fixada residência em Lisboa, de onde foge no ano seguinte para Argel, para se juntar posteriormente à guerrilha do MPLA.
Foi director de Centros de Instrução Revolucionária (CIR), do MPLA, em várias regiões de Angola. Depois da independência, ocupou cargos de responsabilidade no Governo como o de Ministro da Educação e Cultura, Secretário do Conselho Nacional de Cultura, e secretário de Estado da Cultura. Foi membro da direcção do MPLA. Foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos. Como contista, utilizou o pseudónimo de Orlando Távora e ainda o de Kiaposse. Recebeu o Prémio Lótus, da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos, em 1979; o Prémio Nacional da Literatura, da UEA; o Prémio NOMA, outorgado na feira do livro de Frankfurt pelo Júri Londrino de Melhor Produção Poética Africana e a Ordem Félix Varela de 1ª Classe, do Conselho de Estado da República de Cuba, todos em 1986. Em 1993, o Instituto Nacional do Livro e do Disco (INALD), afecto ao Ministério da Cultura, instituiu um Prémio Literário com o seu nome. António Jacinto tem as seguintes obras editadas: Poemas (1961/1985); Vovô Bartolomeu (1979); Em Kiluange do Golungo (1984); Sobreviver em Tarrafal de Santiago (1985); Prometeu (1987); Fábulas de Sanji (1988); Vovô Bartolomeu (1989). Os seus contos e poemas integram diversas antologias e publicações colectivas.
jovem, publicou alguns textos através das revistas Terceiro Mundo e Ngangula.
Tem cinco livros de poesia publicados: Sinos D’ Alma (menção honrosa do Prémio Sonangol de Literatura/1994 ), Pausa (menção honrosa do Prémio Sonangol de Literatura/1998), Anoiteço (2005), Catarse (2005) e Delirium, Marcha Lenta… (2005). Um outro volume de poemas foi agraciado com a Menção Honrosa do Prémio Literário Cidade de Luanda/1997 (até agora não publicado). Venceu o Prémio Literário cidade de Luanda/2010 (livro à espera de publicação).
Está representado em várias antologias nacionais e estrangeiras. Tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas. Nos últimos anos tem também se dedicado à crítica literária. É membro da União dos Escritores Angolanos (U.E.A)
– Estórias Dispersas da Vida de um Reino (Contos), Prémio SONANGOL de Literatura, 1996
– O Ano do Cão (Romance), Prémio SONANGOL de Literatura, 1998
– Peugadas de Musa (Poesia), 2001
– Tempos sem Véu (Romance), 2003
– Uma Bóia na Tormenta (Contos), 2008
– O Catador de Bufunfa (Novela), 2012
– Kid Kamba recupera o quadro roubado, 2013
– Kid Kamba liberta a kianda e salva Luanda, 2013
– Kid Kamba na TV, 2014
“…Oh ! tempos de dor tempos de amor na cervical de uma nação em refogado.”
in Génese
Em ambas estas cidades foi dirigente da Casa dos Estudantes do Império, tendo sido também dirigente, em Luanda, da Sociedade Cultural de Angola e do Cine-Clube de Luanda. Como é sabido, todas estas associações acabaram por ser encerradas pelas autoridades do colonial-fascismo.
É membro fundador da União dos Escritores Angolanos, a cuja Assembleia Geral e Direcção presidiu. Fez parte da redacção do Meridiano, órgão da Secção de Coimbra da Casa dos Estudantes do Império, bem como colaborou na Via Latina, órgão da Associação Académica de Coimbra, na Mensagem, órgão da Associação dos Naturais de Angola, e na Cultura (II), da Sociedade Cultural de Angola. Prestou ainda colaboração na revista Vértice, de Coimbra, e nos jornais ABC e Jornal de Angola, e na revista Prisma, todos de Luanda.
Exerceu advocacia na cidade de Luanda durante vinte anos. Após a Independência, ingressou na magistratura do Ministério Público, vindo a ser jubilado como Procurador-Geral da República.
Foi Embaixador de Angola junto dos governos de Itália e de Malta, exercendo igualmente as funções de Representante Permanente de Angola na FAO, PAM e FIDA, organizações internacionais sediadas em Roma. Após exercer as funções de Embaixador, foi professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto.
Vive presentemente em Viana do Castelo, Portugal, por razões familiares e de saúde.
Este livro foi escrito em Luanda, entre 1977 e 1982. Alguns dos seus trinta poemas apareceram já na gazeta Lavra & Oficina, da União dos Escritores Angolanos, no Jornal de Angola e nas revistas Colóquio/Letras e África, de Lisboa.
Esta é a estória que contei, não aquela que se passou nem a que quereria ter contado. Tão só a estória possível.
Sei não se, quando, como, onde e porquê o repórter abjurou a irredutível interferência da linguagem no real e vice-versa.
Fica a notícia de um crime entre milhares que se cometeram na ressaca do 4 de Fevereiro de 1961, quando os colonos enfurecidos assassinavam indiscriminadamente o povo anónimo.
Tinha o autor doze anos, um quarto de século correu e é com muitos cabelos brancos que o põe agora por extenso.
Tema dado como estafado na literatura angolana, de tal juízo não comunga o signatário, sabido que os temas, como os vinhos velhos, sublimam o tempo.
Na Holanda, a convite do STAUT da Academia de Artes Dramáticas desse país, escreveu, realizou e encenou seus trabalhos pioneiros de teatro infantil, que levaram o nome genérico de “Gupia”. Os mesmos foram apresentados no Holland Festival e no Berlin Kinder und Jugendtheater, em 1971.
No seu próprio grupo teatral “The First Company”, encenou e actuou em “The Indian Wants the Bronx”, de Isreal Horowits, “Fando e Lis”, de Arrabal, bem como “The Hole”, “Agonies” e “Sketches”, todos de sua autoria.
A partir de 1973 frequentou a Nederlandser Film Akademie, tendo produzido para a televisão holandesa (VARA), documentários sobre Angola em 1975, bem como em 1976.
Seus contos e poemas foram publicados em revistas e jornais holandeses, estando incluído em duas antologias, uma de escritores angolanos, “Angolesen Verhalen”, prosa, em 1971 e outra de escritores de língua portuguesa “Terreur en Verzet”, poesia, em 1972.
Tem publicados pelo INALD “Como Iam as Velhas Saber Disso?”, 1982; “A Seiva”, 1995; “Jindunguices”, Prémio Sagrada Esperança, 1999; “A Sonhar se Fez Verdade”, 2003; “Antologia Panorâmica de Textos Dramáticos, 2003 Pela União dos Escritores Angolanos, publicou “Inkuna Minha Terra”, Menção Honrosa do Prémio Sonangol de Literatura, 1996; “Sumaúma”, 2005; “Batuque Mukongo”, 2011; “A Visita”, 2013 Pela Nzila, publicou “Memórias da Ilha”, 2006 Pela Mayamba publicou “O Fantástico na Prosa Angolana”, 2010.
Na Campo das Letras (Portugal) e na Chá de Caxinde, tem publicados “Momento de Ilusão, 2000; “A Prece dos Mal Amados”, 2005, A sair brevemente, “Estórias para Bem Ouvir” publicado pela Leya/Texto Editores.
Foi ainda cronista do Jornal de Angola, realizador da Televisão Popular de Angola, é membro das União dos Jornalistas Angolanos, da União dos Escritores Angolanos, Embaixador de carreira reformado, e foi Vice-Ministro da Educação e Cultura no Governo de União e Reconciliação Nacional (GURN). Actualmente é Deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA.
Na Holanda, a convite do STAUT da Academia de Artes Dramáticas desse país, escreveu, realizou e encenou seus trabalhos pioneiros de teatro infantil, que levaram o nome genérico de “Gupia”. Os mesmos foram apresentados no Holland Festival e no Berlin Kinder und Jugendtheater, em 1971.
No seu próprio grupo teatral “The First Company”, encenou e actuou em “The Indian Wants the Bronx”, de Isreal Horowits, “Fando e Lis”, de Arrabal, bem como “The Hole”, “Agonies” e “Sketches”, todos de sua autoria.
A partir de 1973 frequentou a Nederlandser Film Akademie, tendo produzido para a televisão holandesa (VARA), documentários sobre Angola em 1975, bem como em 1976.
Seus contos e poemas foram publicados em revistas e jornais holandeses, estando incluído em duas antologias, uma de escritores angolanos, “Angolesen Verhalen”, prosa, em 1971 e outra de escritores de língua portuguesa “Terreur en Verzet”, poesia, em 1972.
Tem publicados pelo INALD “Como Iam as Velhas Saber Disso?”, 1982; “A Seiva”, 1995; “Jindunguices”, Prémio Sagrada Esperança, 1999; “A Sonhar se Fez Verdade”, 2003; “Antologia Panorâmica de Textos Dramáticos, 2003 Pela União dos Escritores Angolanos, publicou “Inkuna Minha Terra”, Menção Honrosa do Prémio Sonangol de Literatura, 1996; “Sumaúma”, 2005; “Batuque Mukongo”, 2011; “A Visita”, 2013 Pela Nzila, publicou “Memórias da Ilha”, 2006 Pela Mayamba publicou “O Fantástico na Prosa Angolana”, 2010.
Na Campo das Letras (Portugal) e na Chá de Caxinde, tem publicados “Momento de Ilusão, 2000; “A Prece dos Mal Amados”, 2005, A sair brevemente, “Estórias para Bem Ouvir” publicado pela Leya/Texto Editores.
Foi ainda cronista do Jornal de Angola, realizador da Televisão Popular de Angola, é membro das União dos Jornalistas Angolanos, da União dos Escritores Angolanos, Embaixador de carreira reformado, e foi Vice-Ministro da Educação e Cultura no Governo de União e Reconciliação Nacional (GURN). Actualmente é Deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA.
Nasceu em Luanda a 26 de Março de 1965. Em 1989 concluiu a licenciatura em Direito na Universidade Central de Las Villas, República de Cuba. É Advogado e docente de Direito na Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, desde 1991.
É membro da União dos Escritores Angolanos desde Dezembro de 1996 e tem duas obras publicadas.
Génese (Poesia) – Prémio António Jacinto de Literatura, 1996.
Estórias Dispersas da Vida de um Reino (Contos) – Prémio SONANGOL de Literatura, 1996.
Em 1998 com esta obra, O Ano do Cão, venceu pela segunda vez o Prémio SONANGOL de Literatura.
Passou parte da infância e a juventude em Angola. Muito jovem empregou-se como recrutador de mão-de-obra numa empresa mineira, exercendo depois funções públicas na administração colonial. Aos 27 anos de idade parte para Lisboa onde se dedica à actividade jornalística e inicia a sua carreira de escritor. O conhecimento profundo do processo colonial, seus agentes e suas vítimas, os estudos de cultura e história africanas com particular acento sobre as raízes do processo nacionalista angolano, a escrita directa e rigorosa, fazem que muitos o considerem já um clássico da literatura angolana.
Fez os estudos primários, secundários e liceais em Luanda, onde conclui o 5º ano no Liceu Salvador Correia, depois de ter frequentado o liceu-seminário durante dois anos.
Em 1923, uma vez concluído o 5º ano, parte para terra natal do seu progenitor, Guarda, Portugal, em companhia dos pais, onde estuda aritmética comercial.
De regresso a Angola ingressa para o funcionalismo público, trabalhando na Fazenda, onde acaba por largar o emprego, em virtude do pai ter sido colocado em Novo Redondo, actual Sumbe, província do Kwanza Sul. Em 1926, seu pai é novamente transferido para Benguela. Óscar Ribas acompanha a família para as terras das “acácias rubras”, integrando-se e participando no meio social benguelense, vivendo e apre(e)ndendo a realidade(cultural) vivida e sentida por suas gentes e culturas.
Aos 36 anos, o decano dos escritores angolanos, perde a visão, passando o seu irmão a registar para o papel aquilo que ele ditava.
“As manifestações literárias angolanas, desde 1948, revelam uma continuidade e um traço comum que afirmam e confirmam a justeza do movimento «Vamos Descobrir Angola» e a maturidade dos escritores angolanos.
Jofre Rocha, poeta da nova geração angolana, se formalmente se distancia dos pioneiros daquele movimento – com o que se enriquece a literatura angolana –, revela a mesma posição face aos problemas do Povo Angolano, revela a mesma força telúrica e o mesmo patriotismo. Militante enquanto homem, permanece militante enquanto poeta. E acrescenta um novo e oportuno vigor à poesia, abarcando o internacionalismo que a militância impõe.” António Jacinto
“essas três instâncias, designadamente razão, trabalho e disciplina, condensadas na criatividade, valorizam a qualidade poética de José Luís Mendonça.” António Quino
“Dos nomes revelados ao longo dos anos 80 na poesia angolana produzida no país, José Luís Mendonça é um dos que mais se destacam pela vitalidade, rigor e continuidade da sua produção.” Francisco Soares
“José Luís Mendonça faz poesia lírica, mas sempre a partir de lugares sociais e, neste contexto, é um dilecto herdeiro desse incomparável poeta nacionalista que fez do lirismo uma eficaz “arma anticolonial”, António Jacinto, um olhar individual e individualizado, embora colectivizante, expressão de um sentimento pessoal e de emoções experimentadas pelo poeta, que os transpõe para palavras que representam a crueldade da vida, a violência do destino e a impotência para o mudar.” Inocência Matta.
Trabalhou durante alguns anos como escriturário, desenvolvendo nessa altura actividades literárias e patrióticas.
Foi um dos fundadores do Partido Comunista Angolano que funcionou na clandestinidade, o redactor dos Estatutos do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA), foi preso em 1959, aquando do “Processo dos Cinquenta”.
Preso novamente em 1961, onde é condenado após o julgamento de 1963 a 14 anos de cadeia, sendo deportado para o Tarrafal (Cabo Verde). Resultado de uma campanha internacional em 1972, é-lhe fixada residência em Lisboa, onde trabalha na empresa transitária ARNAUD até 1973, data em que foge para Argel (Argélia) para a guerrilha do MPLA. Foi director do CIR (Centro de Instrução Revolucionária) Kalunga na 2ª Região Político-Militar e do CIR Binheco no Mayombe. Integrou a 1ª Delegação Oficial do MPLA que chegou a Luanda em 8 de Novembro de 1974. Após a independência ocupou cargos de responsabilidade no país, como o de Ministro da Educação e Cultura, Secretário de Estado da Cultura, e na Direcção do MPLA.
Suas obras publicadas são: Poemas (1961; 1985), Vovô Bartolomeu (1979), Em Kiluange do Golungo (1984), Sobreviver em Tarrafal de Santiago(1985), Prometeu (1987), Fábulas de Sanji (1988), Vovô Bartolomeu (1989).
Crónicas de uma Cidade… São um conjunto de textos que foram publicados num lapso de tempo que medeia os anos de 1989 e 1995, no Jornal de Angola e no Correio da Semana, respectivamente matutino e semanário e que preenchem o quotidiano luandense.
No primeiro capítulo deste livro, encontramos vinte e quatro textos: no essencial, retratam o quotidiano luandense. No segundo capítulo, temos nove textos, onde, de modo pessoal e particularizado, o autor faz o retrato de alguns personagens da cidade e que, em poucas palavras, resumem modos de ser, de estar e de pensar, que são comuns a ela e que, ao mesmo tempo, dela são parte integrante, inserindo-os na tecitura e na própria história desta urbe secular. Finalmente, no terceiro capítulo, temos oito crónicas, que constituem uma espécie de «eu» do autor. Tratam-se de escritos que resumem, no essencial, diálogos que Ricardo Manuel, enquanto livreiro, entabula diariamente com aqueles que acorrem à Livraria Lello, em busca de «remédios» para a cura das suas «desgraças»: o livro e, consequentemente, o prazer da leitura.
No geral, apesar do título, o que serviu de pretexto à presente edição, são o facto destas crónicas terem sido produzidas no calor do dia-a-dia e referirem-se especificamente a Luanda e aos seus habitantes, que vivendo nesta tão conturbada e ao mesmo tempo tão maravilhosa urbe, no cruzamento e entrelaçamento que encetam, ajudam a fazê-la e a dar-lhe o «molde» dos seus traços mais característicos. Consequentemente, sejam eles recebidos de aportes antropo-biológico, socio-económico, político ou sobretudo cultural, afigura-se-nos que sem muitos problemas, muitos desses traços sejam possíveis de serem identificados a olho nú. Com estas crónicas, Ricardo Manuel disseca alguns desses traços específicos que são passíveis de identificar os «luandenses», ao trazer a nú, friamente, as grandes questões e problemas que afligem esta grande cidade e os seus habitantes.
Fez os estudos primários e secundários do Golungo Alto e em Luanda, onde, no Liceu Salvador Correia, concluiu o curso complementar de Ciências.
Trabalhou alguns anos em Angola como escriturário e técnico de contabilidade. Em regime de residência vigiada em Lisboa, trabalhou numa empresa transitária. Em Luanda, participou em actividades literárias na Sociedade Cultural de Angola, no Cine-Clube de Angola, no Movimento dos Novos Intelectuais de Angola e na criação da revista Mensagem. Colaborou em diversos jornais e revistas: Mensagem (CEI), Cultura (II), Boletim Cultural do Huambo, Jornal de Angola, Itinerário, Brado Africano, Império, Notícias do Bloqueio, entre outros.
Militante político activo, foi um dos fundadores do Partido Comunista Angolano, que funcionou na clandestinidade, e o redactor dos estatutos do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA). Foi preso pela primeira vez em 1959, por ocasião do ‘Processo dos 50’ . Detido de novo em 1961, é condenado dois anos depois a 14 anos de cadeia, sendo deportado para o Tarrafal, em Cabo Verde. Em resultado de uma campanha internacional, em 1972 é-lhe fixada residência em Lisboa, de onde foge no ano seguinte para o Argel, para se juntar posteriormente à guerrilha do MPLA. Foi director de Centros de Instrução Revolucionária (CIR) do MPLA em várias regiões de Angola. Depois da Independência, ocupou cargos de responsabilidade no governo, como o de Ministro da Educação e Cultura e Secretário de Estado da Cultura, e na direcção do partido. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos. Como contista, utilizou o pseudónimo de Orlando Távora e ainda o de Kiaposse. Recebeu o Prémio Lótus, da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos, em 1979; o Prémio nacional da Literatura, da UEA; o Prémio NOMA (júri londrino de Melhor Produção Poética Africana) e a Ordem Félix Varela de 1ª Classe, do Conselho de Estado da República de Cuba, todos em 1986. Em 1993, o Instituto Nacional do Livro e do Disco (INALD), afecto ao Ministério da Cultura, instituiu um prémio literário com o seu nome. António Jacinto tem as seguintes obras editadas: Poemas (1961/1985); Vovô Bartolomeu (1979); Em Kiluange do Golungo (1984); Sobreviver em Tarrafal de Santiago (1985); Prometeu (1987); Fábulas de Sanji (1988); Vovô Bartolomeu (1989). Os seus contos e poemas integram diversas antologias e publicações colectivas.
Se a verdadeira e moderna literatura angolana tem como baliza a revista Mensagem (1951), e se é apenas no n.º 2/4 de 1952 que se agrupam os primeiros contistas, por critério de cronologia, cuidamos não restarem dúvidas nenhumas, de que Vôvô Bartolomeu é assim a primeira experiência ficcional em que a representação da realidade angolana se faz num corte vertical com a literatura colonial.
Manuel Ferreira